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quarta-feira, janeiro 05, 2005

Partindo em defesa do rock brasileiro - parte 1

The top five things I like to talk about...

O MOX, grande polemista, publicou um post afirmando que a melhor banda de rock brasileiro não chega aos pés da pior banda banda inglesa, coisa que mexeu com meus brios e o de muita gente, o que, tenho certeza, era a principal intenção do meu amigo ao escrever aquilo. Logo, hoje, além de uma top five list ao fim, resolvi fazer uma breve retrospectiva do rock brasileiro dos anos 60 até hoje em dia para salientar os pontos positivos e identificar os melhores grupos e artistas, tentando pôr por terra a tese do MOX.

Anos 60: apesar do rock no Brasil ter surgido no fim dos anos 50, é na década seguinte que as expressões mais importantes desse movimento se manifestam. Na primeira metade da década, temos a Jovem Guarda, que era mais uma releitura do rock americano e inglês, mas ainda assim importante como primeira manifestação de um estilo. Depois, na segunda metade década, temos a banda que muitos ainda consideram a melhor do rock brasileiro, Os Mutantes, de Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, que revolucionaram a música no Brasil com a introdução da guitarra elétrica, por exemplo, mas principalmente pela critividade de suas composições e pela sua qualidade como músicos. Ao mesmo tempo, surge o Tropicalismo, com Gilberto Gil e Caetano Veloso, quebrando regras e paradigmas musicais, fazendo música brasileira autêntica que não era só samba ou bossa nova. E, também nessa década, nasce para a música aquele que é considerado o pai do "suingue", Jorge Ben, ou Jorge Ben Jor, como queiram, um cara cuja capa do primeiro disco é ele tocando violão num banquinho, ou melhor, como se estivesse sentando em um banquinho inexistente, talvez para avisar que o tempo da bossa passou, que não era mais nova, que era a hora de outros sons, de outros estilos. Enfim, durante essa década, começou a realmente surgir no Brasil o rock, e com força e vigor. Gente como o Novoselic, ex-baixista do Nirvana, e o Jello Biafra, ex-vocalista dos Dead Kennedys, sem mencionar uma penca de gente, consideram Os Mutantes geniais, uma das melhores bandas de rock a surgir no mundo. Só esses comentários servem para enaltecer a grandeza dessa banda, da qual até não sou o fã mais ardoroso, mas que respeito como um marco na história do rock mundial, indubitavelmente. E a questão não é apenas Os Mutantes, mas sim que agora o cenário mundial percebe que no Brasil não há só samba e bossa. Gente como Elis Regina, por exemplo, começa a prestar atenção em composições desse novo estilo, principalmente na década de 70, com suas versões de "Como Nossos Pais" e "As Curvas da Estrada de Santos", por exemplo, mas isso é assunto para a década de 70. O meu ponto é que o rock começa a ganhar espaço no Brasil e conta com representantes de peso, e isso é apenas o começo. É nessa década que tal movimento musical deixa de pertencer apenas ao mundo anglo-saxão e passa a ser do mundo todo, inclusive em países como a França e a Itália. E se o rock é de todos, porque não pode ser do Brasil também?

Sobre a década de 70 falarei em outro post, pois acho que já escrevi o suficiente nesse para atrair a atenção do MOX, hehe. Abração a todos, e, pra quem não conhece, ouçam Os Mutantes, qualquer música, para terem uma idéia do que eu estou falando. Falou!