Um blog para quem não tem muito mais o que fazer da vida, fora opinar.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Um post longo pra compensar a ausência

The top five things I like to talk about...

Read the book, seen the movie, and been to the play.

Finalmente, vou falar da peça “A Vida é Cheia de Som e Fúria”, à qual assisti devidamente acompanhado de meus amigos MOX e Roxy, no domingo passado, no Theatro São Pedro.

Para os que me conhecem, sabem que eu sou louco pela história, pela bagunça emocional do Rob Fleming, pela sua imaturidade e ansiedade, pela sua mania de fazer listas e, principalmente, pela mania que temos de fantasiar a vida e esquecer de vivê-la, nos atendo às expectativas geradas pela nossa imaginação. Enfim, um dos meus assuntos ou dilemas favoritos.

Pois é, fui, afinal, assistir à peça e não me decepcionei. Pelo contrário, adorei a peça, que em nenhum momento pretende ser plenamente fiel ao livro, mais se inspirando na história e retirando ou adicionando algum conflito aqui, algum personagem acolá. Assim como o filme, o foco da história de vez em quando muda um pouco, fazendo com que, ao fim e ao cabo, tenhamos três visões levemente diferentes da mesma história (falando nisso, ocorreu-me agora o filme “Rashomon”, do Kurosawa, que é um exemplo fantástico de como uma história pode ser distorcida por diferentes narradores, um filme que vale muito a pena ver, recomendo!).

Bom, tentando resumir minhas impressões a respeito da peço, vou fazer uma lista com os principais motivos pelos quais gostei da peça:

Top Five Reasons Why I Liked the Play

1 – O Guilherme Webber, depois de um terrível vilão de novela da Globo (o Tony, de “Sabor do Pecado”), cresceu enormemente no meu conceito e é a estrela da peça por excelência, numa interpretação memorável: dramática, cômica, intensa, expressiva, enfim, o cara mostrou ser um baita ator com essa peça, em que ele segura a atenção e o carisma do público por quase 3 horas sem parar. Como disse a minha amiga, Roxy, ainda que com um estilo diferente, ele não ficou devendo em nada para o John Cusack. Ah, e uma curiosidade estranha quanto ao Guilherme Webber: ele ficou me lembrando muito o Chris Martin, vocalista do Coldplay, durante a peça... Weird...

2 – A montagem da peça é muito animal, todo o cenário é perfeito, com a tela de projeção transparente, o palco que muda toda hora, fantástico, dá uma impressão de filme sem tirar a magia do teatro, adorei.

3 – Juntando os últimos dois motivos, a direção está perfeita, fazendo com que tudo na peça se encaixe em perfeita harmonia, sendo que até as mudanças feitas quanto à história original (que não foram poucas, como disse antes) ficam bem na peça.

4 – A “trilha sonora” da peça, com algumas músicas a mais quanto ao filme, e umas a menos quanto ao livro (que, aliás, deveria vir com vários cds junto, com todas as músicas citadas ou recomendadas por Rob Fleming, o que vocês acham?). Gostei particularmente de um do Neil Young que o Rob toca em homenagem a uma de suas ex (the one with the breasts, I think...), mas não lembro do nome.

5 – E, last but not least, o personagem do Dick, que tem um desfecho que difere totalmente do livro e do filme, mas que acho exprime perfeitamente o que é cabeça dele, do Rob e do Barry (não vou contar maiores detalhes para quem não viu o filme, pelo menos). Conversei sobre isso com a Roxy e acho que o desfecho dele ajuda no próprio amadurecimento do Rob, na peça. Não, não adianta, não vou contar o que acontece com ele no filme, muito menos na peça. Quem já tiver visto o filme e quiser saber da peça, perguntem que eu mando um e-mail.

Em suma, adorei a peça, foi plenamente perfeita, não me decepcionei nem um pouco. Lamento que muitas pessoas não a tenham visto, mas fico feliz por ter assistido à peça na companhia de dois amigos meus, que sabem o que um pouco de música pode fazer na vida de alguém. Roxy e MOX, valeu pela companhia.

Desculpe, mas eu vou chorar...

Essa semana a chapa dos meus amigos que disputava a eleição do Centro Acadêmico lá da Faculdade de Direito perdeu, e estávamos quase todos reunidos na casa de um deles. Depois da notícia de que a outra chapa havia ganhado muitas pessoas ficaram emocionadas e tristes, pessoas que trabalharam muito nessas últimas semanas e durante toda essa última gestão do CAAR. Até mesmo quem não era da Faculdade pintou durante a campanha pra ajudar o pessoal, especialmente o Maurício, o “Mongolão de Macondo”, que deu uma baita ajuda para o pessoal. Mas não deu, infelizmente, e eu fiquei bastante chateado com isso, principalmente na hora, em que estavam todos lá, meio cabisbaixos. Mas logo veio um clima não de descontração, mas de confraternização, em que cada um se deu uma flor de papel explicando os motivos por que tal pessoa merecia ganhá-la, enaltecendo as qualidades da mesma e lembrando do esforço despendido por cada uma delas para a chapa e para a campanha.
Depois, em casa, já com a cabeça mais leve e tranqüila, comecei a pensar em por que não me emocionei como os outros a ponto de chorar por causa da derrota. Seria eu um insensível, já pressentira que a outra chapa venceria, por acaso? Não, talvez eu simplesmente não tenha doado tanto sangue e suor como os outros para, em decorrência disso, verter as merecidas lágrimas após o resultado. E é em homenagem às lágrimas de meus amigos, lágrimas de alguns que foram até heróicas, que faço a seguinte lista:

Top Five Songs That Make Me Cry

1 – “Astral Weeks”, Van Morrison: havia recém saído de um relacionamento caótico e essa música me serviu de alento, um breve canto de esperança quanto ao coração, que àquela época estava bem machucado. Aqui são mais lágrimas de dor, permeadas por um pouco de esperança, mesmo.

2 – “Smoke Gets In Your Eyes”, Sarah Vaughan: sim, eu sei que a versão dos Platters é mais conhecida, só que essa versão da Sarah Vaughan me emocionou a um ponto que eu não imaginava possível, tamanha a beleza da interpretação, da voz dela, de como ela parece sofrer, quando ela mesma não consegue esconder as lágrimas. Aqui, as lágrimas são de pura emoção ante a beleza da música.

3 – “Acrilic on Canvas”, Legião Urbana: música triste ao extremo, em que o narrador chega fantasiar a dor sentida para ter algo mais para sentir. Sem muito mais o que dizer, pois o próprio clima e a letra da música explicam tudo. Lágrimas de perda e de dor nesta música.

4 – “Wise Up”, Aimee Mann: música da trilha sonora de “Magnólia” (filme memorável, entre os melhores que já vi), tão simples quanto triste. Para os que já viram o filme, é aquela que todos os personagens cantam (para os que não viram, não estraguei o filme ainda, garanto! Peguem na locadora neste exato instante, vale muito a pena!). Aqui, lágrimas de redenção, segundo minha interpretação do filme, é claro.

5 – “My Melancholy Blues”, Queen: minha música preferida de dor-de-cotovelo, aquela que sempre ouço depois de quebrar e que, por mais triste que me deixe num primeiro momento, consegue me deixar tão bem como nunca, pronto pra outra. Tenho disso com músicas tristes, elas parecem me ajudar na pior hora, fortalecendo o meu coração para baques maiores e mais dolorosos. Bom, independentemente do tamanho e da dor da queda, sempre terei essa música para me consolar e me servir de apoio. Lágrimas de abandono e da mais pura dor-de-cotovelo...

Portanto, amigos, já que não chorei esta semana por vocês quanto à eleição (repito, não foi por insensibilidade), quero que saibam que durante a semana ouvirei a todas essas músicas no repeat pensando em vocês todos e chorando com elas não pelos motivos que outrora fazia, mas pela dor que vocês sentiram: agora, todas essas músicas serão para verter lágrimas de compaixão, lágrimas de amizade. Abração a todos...